segunda-feira, 30 de agosto de 2010


















Você não vale um poema, um verso, a rima incompleta, uma letra para a melodia que se repete no silêncio. Não vale. Você não vale a madrugada desperdiçada, o amanhecer no sofá, a febre, o vômito, o grito, uma fotografia rasgada, um caderno queimado, os cabides quebrados. Não vale. Você não vale o corte riscando o pulso, um punhado de remédios, os CDs tristes, um solo de violão, a mão por horas sobre o telefone, a espera, um carro no poste, um soco na parede, o vaso jogado no chão, você não vale. Não vale um espelho trincado, o copo atirado, o lamento atravessando a cidade, o palavrão. Não. Você não vale o tempo esquecido, a teimosia da busca. Mas eu lhe procuro. Ainda. Eu escrevo versos, faço poemas. Eu amanheço na febre, acelero contra a parede, ouço discos arranhados, engulo comprimidos em punhados. Você não sabe, não imagina. Mas eu não aprendi. Eu ainda faço tudo por alguém que não vale nada.


Keillamore ,

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